Neste dia 13 de julho assinala-se o Dia Mundial do Rock e nós recordarmos sete nomes do rock português que surgiram entre os anos 60 e 80.
10 000 Anos Depois Entre Vénus e Marte – José Cid (1978)
O álbum “10.000 anos depois entre Vénus e Marte” de José Cid foi eleito como um dos melhores 100 álbuns do rock progressivo da história da música pela revista internacional Billboard. Referência que pôs Portugal (e não só) a ouvir o disco, até então com pouco destaque nacional, e que levou José Cid a encher salas de espetáculos portuguesas com as músicas lançadas no ano de 1978.
Com base em ficção cientifica a história deste mítico trabalho português é que 10.000 anos depois da auto destruição da humanidade, um homem e uma mulher viajam de regresso para a Terra para a repovoar novamente.
O álbum foi composto por José Cid com a colaboração, nalgumas músicas, do guitarrista Mike Sergeant e do baterista Ramon Galarza.
“10.000 anos depois entre Vénus e Marte” é uma viagem de rock sinfónico espacial dominada por mellotron, sintetizadores de cordas e outros, com suporte de guitarras, baixo e bateria.
Rui Veloso – Ar de Rock (1980)
“Ar de Rock” foi o primeiro disco que Rui Veloso gravou, na altura com 23 anos, numa semana e misturado em três dias.
No disco, que contou com Carlos Tê e António Pinho na escrita das letras em português, destacou-se o tema “Chico Fininho” e “A Rapariguinha do Shopping”, que foram (e são) um marco no rock português.
Com este álbum, e os que tem vindo a lançar ao longo de mais de 40 anos de carreira, Rui Veloso acabou por ser apelidado como o pai do rock português.
Aqui d’el Rock – Há Que Violentar o Sistema (1978)
Aqui d’el Rock foi uma das bandas pioneiras do rock português. Formada em 1977, o coletivo de Lisboa é um marco na história da música portuguesa por ter sido a primeira banda nacional a gravar um disco com conceitos punk.
O single “Há Que Violentar o Sistema”, gravado em 1978, deu origem a um dos primeiros videoclips produzido pela RTP. No ano seguinte a banda edita um novo disco cujo single é o mítico tema “Eu não sei”. Em 1980 a banda recebe dois novos elementos (Carlos Cabral e Alberto Barradas), após a saída de Alfredo Pereira.
No final do ano de 1981 os Aqui d´El-Rock mudam o nome da banda para Mau-Mau, numa altura em que evoluíam musicalmente para uma sonoridade New Wave.
Quarteto 1111 – Quarteto 1111 (1970)
O Quarteto 1111, banda formada em 1967, era constituído por Miguel Artur da Silveira, José Cid, António Moniz Pereira e Jorge Moniz Pereira.
“A Lenda de El-Rei D. Sebastião” foi o primeiro EP da banda e o primeiro disco português a tocar no programa “Em Órbita” do Rádio Clube Português.
Em 1968 o grupo de rock progressivo concorreu ao festival RTP da Canção interpretando “Balada para D. Inês”, que ficou classificado no 3.º lugar.
Em 1968 Mário Rui Terra substitui Jorge Moniz Pereira e o grupo edita vários singles nos dois anos seguintes, como: “Meu Irmão”, “Ababilah”, “Nas Terras do Fim do Mundo”, “Génese” e “Os Monstros Sagrados”. Em 1970 chega o primeiro álbum com o nome da banda, que foi mandado retirar do mercado pela Comissão de Censura devido a temas como “Lenda de Nambuangongo” e “Pigmentação”, que tinham mensagens politicas e de contestação.
Em 1970 Tozé Brito entra para o lugar de Mário Rui Terra. Nesse mesmo ano o grupo começa a cantar em inglês e criam a banda Green Windows, grupo que co-existiu com o Quarteto 1111.
Sheiks – Missing You (1965)
Os Sheiks surgiram em 1963 e foram das primeiras bandas portuguesas a cantar em inglês. O grupo, apelidado de Beatles portugueses, era constituído por Paulo de Carvalho, Fernando Chaby, Carlos Mendes e Jorge Barreto.
Começaram por tocar em festas e espetáculos organizados por escolas e universidades e em 1965 editam o primeiro EP que incluía uma versão de “Summertime” de George Gershwin. Nesse mesmo ano Edmundo Silva substitui Jorge Barreto. No ano seguinte lançam o segundo EP com temas como “Missing You” e “Tell Me Bird”, os mais conhecidos dos Sheiks.
“Missing You” é posteriormente editado em Espanha, França e Inglaterra, sendo que em França alcança o oitavo lugar de vendas no top de Paris. Em dezembro de 1966 a banda dá vários concertos no Le Bilboquet de Paris e grava o EP “Sheiks”, em terras francesas.
Fernando Tordo substitui Carlos Mendes que deixa a banda para prosseguir estudos e em junho de 1967 lançam o EP “That’s All”.
Fernando Chaby e Paulo de Carvalho abandonam o projeto em finais do ano 1967 e o grupo acaba por terminar. Posteriormente surge novamente os Sheiks, mas não tinha na sua formação nenhum dos fundadores e nem tinham autorização para usar o nome da banda. Ainda assim, o grupo continuou a lançar discos – coletâneas – e mais tarde alguns dos elementos retornam ao projeto musical.
UHF – Cavalos de Corrida (1980)
Os UHF, banda de rock mais antiga em atividade, foi formada na Costa de Caparica, em Almada, em 1978. São consideradas uma das bandas responsáveis pela expansão do rock em Portugal.
Em 1979 gravam o primeiro EP “Jorge Morreu”, um disco de intervenção social composto por três faixas mas que não teve sucesso comercial, ao contrário do single “Cavalos de Corrida”, que em 1980 vendeu mais de 100 mil cópias. Segue-se no ano seguinte a edição do álbum “À Flor da Pele”, do qual se destaca a faixa “Rua do Carmo”, que ocupou por várias semanas os primeiros lugares da tabela de vendas.
Com a curta passagem das bandas Aqui d’el-Rock, Minas & Armadilhas e Faíscas (estas duas últimas bandas duraram pouco tempo e não deixaram qualquer registo discográfico), foram os UHF que passaram a comandar o rock português tendo impulsionado o aparecimento de várias bandas no início da década de 80 como os Xutos & Pontapés, GNR, IODO, Heróis do Mar, entre outras. Algumas destas bandas foram dados a conhecer na primeira parte dos concertos dos UHF.
Xutos & Pontapés – 78/82
Os Xutos & Pontapés, considerada por muitos, a melhor banda de rock português, foi formada em 1978 por Zé Pedro, Kalú, Tim e Zé Leonel. Deram o primeiro concerto ao vivo no dia 13 de janeiro de 1979.
Lançaram “1978-1982”, o primeiro álbum em 1982, já com o guitarrista Francis (que substituiu Zé Leonel) e com Tim nas funções de baixista e vocalista. Posteriormente sai Francis e ingressa na banda o guitarrista João Cabeleira.
Em 1985 os Xutos & Pontapés lançam “Cerco”, mas a explosão mediática só chegou em 1987 com o álbum “Circo de Feras” e os temas de sucesso: “Contentores”, “Não Sou o Único” e “N’América”. Seguiu-se o estrondoso sucesso d’ “A minha casinha” — tema já conhecido pela voz da atriz e cantora Milú, nome artístico de Maria de Lurdes de Almeida Lemos, que Tim adaptou para uma versão rock e se tornou, até aos dias de hoje, um dos grandes hits da banda.
Seguiu-se “88”, o quarto álbum do grupo, com os êxitos “À Minha Maneira”, “Para Ti Maria”, entre outros, dando início a uma das maiores tournées da banda que ficou retratada no álbum “Xutos & Pontapés – Ao vivo 1988”.
Dois anos depois, em 1990, lançam o álbum “Gritos Mudos” mas este não teve o sucesso dos anteriores. A banda entra numa crise interna com os seus elementos a iniciarem outros projetos musicais; Tim integra os Resistência, Zé Pedro e Kalu integram a banda de Jorge Palma, Palma’s Gang. Ainda assim, nos dois anos seguintes, lançam “Dizer Não de Vez” e “Direito ao Deserto”. Em 1998 editam o disco “Tentação”, que foi banda sonora do filme com o mesmo nome de Joaquim Leitão. No ano seguinte, com novo folêgo, fazem a tournée “XX Anos Ao Vivo”, onde dão cerca de oitenta concertos.
A banda de rock português continua até aos dias de hoje em atividade, editando álbuns, nomeadamente colectâneas e discos ao vivo, mas são os concertos da banda a serem a sua predominante atração.
A 30 de novembro de 2017 faleceu Zé Pedro, o guitarrista e fundador dos Xutos & Pontapés. Apesar da perda de um dos míticos membros, a banda assegurou a continuidade do grupo.