Home   /   Sem categoria  /   Entrevista | The Godspeed Society
Entrevista | The Godspeed Society
“Killing Tale” é o primeiro álbum dos The Godspeed Society. Os 15 temas que compõem este trabalho contam a estória de uma jovem mulher assassinada pelo seu amado, servindo de banda sonora ao livro que acompanha o disco. Com uma toada jazzy e bluesy, a voz quente dança por entre riffs de guitarra, ambientes parisienses criados pelo acordeão e pelos instrumentos de sopro que nos levam até New Orleans.
Leia a entrevista realizada á banda.

Made in Portugal: Antes dos The Godspeed Society fizeram parte de outros projetos musicais. O que vos levou a criar os The Godspeed Society?
The Godspeed Society: Os The Godspeed Society existem desde 2008 e formaram-se por um acaso. Numa mera brincadeira surgiram os primeiros acordes do tema Dark River e isso deu-nos motivação para concluir essa musica e posteriormente mostrá-la a alguns amigos. Acabámos por ficar todos bastante entusiasmados e tivemos a ideia de construir toda uma história, com o Dark River como ponto de partida.
MIP: Editaram recentemente o vosso primeiro álbum de originais: Killing Tale. Foi difícil a edição deste disco?

TGS: Não foi tarefa fácil, mas crescemos muito enquanto banda. Foi difícil financeiramente pois hoje em dia as bandas já só dependem de si próprias para pagar as horas de estúdio e no nosso caso não foi diferente, mas fizemos algo que queríamos muito e de que nos orgulhamos ainda mais, por isso o balanço é extremamente positivo. 

MIP: Para além do disco há ainda um livro, que conta uma história, que é desenvolvida nos vossos concertos de uma forma teatral. Como surgiu esta ideia?
TGS: No momento em que fizemos o Dark River, lembramo-nos de criar uma história à volta daquelas duas pessoas de quem falamos nesta música. E fomos construindo a história aos poucos e acrescentando personagens à medida que íamos fazendo também as músicas e o livro.
MIP: Podem desvendar um pouco dessa história?
TGS: O livro conta a história de uma cantora, Baby, que é assassinada pelo seu amante, NoFace, personagem sinistra  que não mostra nunca a sua cara. Jack, que é o melhor amigo de Baby e detective da polícia, suspeita que foi NoFace que a assassinou e persegue-o para provar que foi ele o autor do crime.
Contudo Baby desperta da sua morte com desejos de vingança e cujo único objectivo é levar NoFace com ela para as profundezas de “Dark River”, o rio onde o corpo de baby foi encontrado.
Durante toda a trama, estes personagens vão-se cruzando com outros habitantes de “Bloody City” que assumem também grande importância na história.
MIP: Vocês são músicos e atores, pois em palco encarnam personagens. Podemos denominar os vossos concertos como um musical?
TGS: Se fossemos realmente atores poderíamos sim, mas estando nós próprios a tocar as músicas em palco, é difícil termos um desempenho a que se possa apelidar de musical. Damos muita expressão a cada música e assumimos o nosso personagem e as suas características, mas chamar ao nosso espetáculo de musical seria algo pretensioso da nossa parte. Mas sim, reconhecemos que há uma aproximação ao género pois apreciamo-lo bastante.
MIP: Estão a ter mais visibilidade lá fora do que cá em Portugal. Que barreiras consideram que ainda é preciso derrubar, para haver mais reconhecimento de géneros musicais, não tao comerciais?
TGS: Estamos de facto a ter muito mais visibilidade lá fora. Aqui as pessoas têm um problema muito grande. Só conseguem consumir e apreciar o que lhes põem à frente dos olhos e não procuram variedade, conhecimento. Se agora a moda é o indie, o minimalismo e as bandas em que dois elementos e um teclado fazem tudo, então temos a certeza de que na rádio só tocam essas bandas, aos festivais só irão essas bandas e as revistas e jornais repetem os seus nomes, até que ninguém já consiga mais ouvir falar deles.  E os media encolhem os ombros e fingem que não sabem quem somos, que saíu um disco, mas depois se chegamos à fala com eles, a resposta é sempre “sabemos muito bem quem são, muitos parabéns pelo vosso trabalho”. Só que o espaço para a divulgação não chegou para todos. 
Lá fora já não é assim. As pessoas dão-se ao trabalho de ouvir de fio a pavio e sabem do que estão a falar. Falem bem, ou mal, ouviram mesmo, não se limitam a ditar o texto de um press release.  E até agora, todas as lá fora têm sido incríveis.
MIP: Que mais projetos tem para o futuro? Já pensam num segundo disco?
TGS: Nós temos a mania dos segredos e das surpresas 🙂 Só podemos revelar que já temos ideias suficientes e já começámos  a trabalhar para um próximo disco.
MIP: Curiosidade: porque The Godspeed Society para o nome da banda?
TGS: Queríamos um nome nos representasse uma vez que o nosso propósito é sermos sempre personagens e contarmos uma história, por isso pensámos imediatamente no que faríamos quando chegássemos ao fim do Killing Tale e como daríamos continuidade a um segundo trabalho. Depois de várias ideias e conceitos, pensámos que eramos habitantes de Bloody City, uma sociedade, um conjunto de pessoas que viviam num determinado tempo e que num segundo álbum teríamos de “viajar”. Godspeed é o termo utilizado para desejar boa viagem. Assim nasceu o nome “The Godspeed Society”.
MIP: Por fim a nossa pergunta praxe: como definem atualmente a música em Portugal?
TGS: Mesmo tendo em conta que as bandas que invadem as nossas rádios soam todas ao mesmo, a verdade é que a criatividade dos músicos portugueses está numa boa fase.
Nós  ouvimos muita música que se produz em Portugal, desde pop, jazz, folk, metal, desde o mainstream ao underground e temos pena que, embora se façam grandes canções, as bandas pareçam clones umas das outras. A identidade está a ser um pouquinho deixada para trás. Mas pelo menos agora temos oportunidade de escolha na altura de comprar discos, ou ouvi-los uma vez que já pouca gente compra discos. Em relação aos espetáculos e festivais essa variedade já não se aplica. São poucas as que conseguem tocar regularmente e por isso estamos sempre a ver as mesmas bandas nos diferentes cartazes. Esperamos que isso mude rapidamente para que o consumidor de música, com a mesma facilidade com que escolhe o que quer ouvir no Spotify, possa também ver a agenda de concertos da semana e ter variedade e ver espetáculos interessantes e diferentes.
Acompanhe a banda no facebook.
Related Article