Manel Gomes, Miguel Rodrigues e Tiago Duarte formaram em 2014 a banda Insch. No início de maio editaram o álbum de estreia “Safe Haven”. A gravação esteve a cargo de António Côrte-Real (UHF) e Wilson Silva (More Than A Thousand), com participação de Pedro Lousada (Blasted Mechanism).
A nossa preocupação sempre foi fazer música com qualidade
Surgiram em 2014 mas só dois anos depois é que lançaram o vosso disco de estreia. A vossa preocupação era primeiramente darem se a conhecer e depois trabalhar num disco?
Nem por isso… a banda foi criada sem qualquer expectativa de sequer chegar a sair da sala de ensaios, daí tanto tempo até efetivamente acontecer. A nossa preocupação sempre foi fazer música com qualidade, que antes de mais nos orgulhasse aos três e que matasse as saudades de fazermos música juntos. Entretanto a coisa seguiu um caminho muito natural, muito orgânico, de começarmos a dar uns concertos e o álbum foi um passo consequente muito natural.
O facto de terem participado em concursos como o Hard Rock Rising e o Finding The Way foi importante neste vosso percurso até à edição do álbum?
Sim, por dois motivos complementares: o primeiro, pelo facto de nos trazer para palcos novos e com mais gente que os concertos habituais, dar-nos aquela estaleca e responsabilidade de termos de tocar bem, de estarmos a ser avaliados. O segundo pelo facto de termos conhecido outras bandas mais ou menos no mesmo ponto de evolução que nós, nas quais fazemos amigos que duram até hoje, e com quem voltamos a partilhar palcos.
Antes de mais nós compomos para nós mesmos, sobre as nossas alegrias e cicatrizes
“Safe Haven” é o vosso álbum de estreia. Como definem este disco?
Definimo-lo como uma viagem, muito honesta e crua. Pode soar mal, mas antes de mais nós compomos para nós mesmos, sobre as nossas alegrias e cicatrizes, muito pessoais, portanto o que ali está é uma viagem às nossas vidas, tem muito dos três. Sem medo de carregar forte na distorção ou de ter uma música praticamente acústica.
De que influências se serviram para a composição do álbum?
Entre os três, ouvimos coisas muito diferentes e, sabendo disso, esforçamo-nos para que cada música tenha a participação dos três e temos vários originais que nasceram de uma batida ou de uma linha de baixo. Todos nós fomos adolescentes dos anos 90 mas naquilo que consideramos as nossas referências, o Manel (baixo) puxa muito ao indie e alternativo (BRMC, NIN, Tool), o Miguel (baterista) tem muito vincada uma cena mais pop e ska (Dave Mathews Band, Jamiroquai, Mad Caddies) e o Tiago (voz e guitarra) puxa ao grunge e nu-metal (Alice In Chains, Incubus, Deftones).
O disco está a ser muito bem recebido pelo público, prova disso foi no dia de lançamento o mesmo ter entrado para o top 10 dos discos mais vendidos no iTunes. Tem vos surpreendido esta boa recetividade à vossa música?
Muito mesmo! Não porque não acreditemos nas nossas músicas mas porque as fizemos de forma tão pessoal e inocente que é surpreendentemente maravilhoso que tanta gente esteja a gostar de as ouvir. Ficamos sempre orgulhosos quando nos vêm dar força nas redes sociais ou nos concertos, ainda estamos muito impressionados com todas essas manifestações.
Hoje em dia não compras um CD porque queres ouvir a música que lá está, mas porque queres colecionar um bocadinho daquela banda
Inicialmente o disco estava previsto ser lançado somente nas plataformas digitais, mas acabou por ser lançado também em formato físico. Apesar de hoje em dia não se vender tantos discos, é sempre especial ‘sentir’ o disco em mãos?
É sempre especial. Se o formato digital é conveniência e imediatez, o formato físico é amor e carinho. Hoje em dia não compras um CD porque queres ouvir a música que lá está, mas porque queres colecionar um bocadinho daquela banda, queres sentir-te mais próximo. E nisso fomos tradicionais, temos as letras no livro interior do álbum, como as referências dos álbuns com que crescemos.
Foram os eleitos para abrir o concerto da banda internacional GUN. Como viveram esse momento?
Foi fantástico! Foi a primeira vez que tocámos numa sala mítica como o Paradise Garage, e logo para mais de 500 pessoas. Na altura até estávamos a meio do processo de gravação do álbum mas foi impossível recusar, e recebemos imenso feedback de pessoas que lá estavam. Não tivemos oportunidade de falar com os Gun mas esperamos que eles tenham gostado! [risos]
Recentemente apresentaram ao vivo “Safe Haven”, para os próximos tempos já há mais concertos agendados?
Estamos a preparar o verão com carinho e em breve deve haver novidades, não queremos adiantar-nos aos anúncios oficiais.
Não há praticamente rádios com interesse em passar rock
Como avaliam atualmente o rock em Portugal?
É curioso porque nós próprios nos questionamos sobre isso. Por um lado, os festivais com bandas de rock como cabeças de cartaz esgotam facilmente as lotações, por outro não há praticamente rádios com interesse em passar rock. Do lado das bandas, vivemos um momento de extrema fertilidade como não se vivia há muito, tem surgido muito boa gente a fazer muito bom som, do lado da indústria o interesse no rock parece cada vez menor. Mas isto não nos desmotiva nem serve de desculpa, temos aquela visão inocente que se o que fizeres for bom e honesto, o público não vai deixar cair.
Curiosidade: porque o nome Insch?
Bom, partindo da base que dar nome a uma banda é mais difícil que dar nome a um filho [risos], não foi algo que nos preocupasse imediatamente, demorámos até alguns meses, deixámos que fosse o nome a vir ter connosco. Queríamos algo com muito significado que, de alguma forma, materializasse o que a banda significa para nós. Assim que nos deparámos com o “insch” [porto de abrigo, porto seguro, ilha a salvo de perigos], parámos de procurar.
Qual é o vosso “Safe Haven” (porto seguro)?
A música, claro.