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Entrevista | O Deserto Branco

O Deserto Branco é uma banda criada por Martinho Lucas Pires, Raúl Avelar, Mário Avelar e o Nuno Pontes. Já lançaram um disco (Livro de Postais, 2010) e três EPs (Introducção ao Piano do Amor e Lá na Escócia, 2010, e O Inverno Em Holyrood Park, 2011).
Em entrevista à banda, ficamos a conhece-los melhor e os projectos que tem para o futuro. 

Made In Portugal: Comecemos pelas apresentações. Quem são os O Deserto Branco?
O Deserto Branco: O Deserto Branco é uma banda roque éne role lisboeta, criada pelo Martinho Lucas Pires, que toca guitarra e teclas e canta e compõe, e composta pelo Raúl Avelar no baixo, o Mário Avelar noutra guitarra e o Nuno Pontes na bateria. A banda existe desde o final de 2008. Já tivemos vários bateristas antes do Nuno, entre os quais o Zgui dos Persas e o Lucas dos Velhos. Já lançámos um disco (Livro de Postais, 2010) e três EPs (Introducção ao Piano do Amor e Lá na Escócia, 2010, e O Inverno Em Holyrood Park, 2011) e demos alguns concertos por algumas salas importantes da capital, como o Santiago Alquimista, o Maxime e o Musicbox. Tocámos também no Optimus Alive em 2011, graças à Amor Fúria. Estamos agora ainda a gravar o nosso próximo disco, que deverá sair em 2013, chamado “As Regras do Jogo”. Tirando o Mário e o Raúl, somos do Benfica. As nossas canções podem ser ouvidas e descarregadas em odesertobranco.bandcamp.com.

MIP: Porque o nome “O Deserto Branco”?
ODB.: O Martinho foi um dia à Cinemateca ver um filme do Michelangelo Antonioni chamado Zabriskie Point. Adorou o filme, e sentiu que depois de o ter visto tinha de fazer qualquer coisa, não sabia bem o quê, mas qualquer coisa que sentisse que valesse a pena. Então chegou a casa e o melhor que conseguiu foi… fazer um myspace (estamos em 2008, o myspace ainda bombava) onde resolveu pôr as canções que fazia desde há uns anos. Grande parte do filme passava-se num deserto branco, e ele achou que era o nome ideal para dar à página, mas nunca pensou ter uma banda ou fazer as músicas que faz hoje. Mas pronto, o nome ficou.

MIP: Como definem o vosso estilo enquanto banda?
ODB: Algo entre o érre-éne-bê contemporâneo, mas sem descurar um toque de psicadelismo hindu-revivalista, em especial nos solos de guitarra do Mário. Falando mais a sério, somos uma banda roque-éne role, às vezes puxando a coisa mais para o panque, outras vezes fazendo canções mais calmas e acústicas. Mas no essencial, roque éne role de três acordes, com algum humor à mistura.

MIP: “O Inverno em Holyrood Park” é o vosso último EP, lançado o ano passado. Falem-nos um pouco deste vosso trabalho.


ODB: Só fizemos um disco em banda, chamado “Introdução ao Piano do Amor”. O resto dos discos foram completamente tocados, gravados e compostos pelo Martinho. Como nos últimos anos ele tem andado a estudar em vários sítios, tem sido difícil ter a banda a tocar por mais dum ano. Por isso ele aproveita e vai gravando as canções pelos sítios por onde vai passando. Foi o que aconteceu com este disco. Ele estava na Escócia, onde estudou durante um ano. Resolveu pegar nalgumas canções que tinha e gravá-las e fazer um EP. Holyrood Park é um jardim enorme mesmo ao lado da casa dele em Edimburgo, e a maior parte das canções foram feitas durante o Inverno, que foi especialmente frio, nevado e longo. É um disco mais acústico e que fala sobre a vida dele na Escócia enquanto estudante de cinema, e com alguma melancolia por estar longe de casa. Acaba com uma versão dos Mountain Goats, uma das bandas que ele mais ouvia por aqueles lados.

MIP: Como é o vosso processo de composição? Cada um tem uma tarefa (um escreve a letra, outro compõe a melodia…) ou fazem tudo junto?
ODB: O Martinho compõe e faz a letra, e depois vamos ensaiar e acabamos por construir o resto da canção. Às vezes ele tem ideias muito concretas do que quer para os arranjos, e outras vezes nem tanto. Por isso depende. Por vezes experimentamos muito e outras vezes nem por isso. Mas também é normal os membros da banda aparecerem com uma ou outra ideia relativamente a uma canção, um rife mais assim ou um baixo mais assado. Não há bem uma regra específica de como é que as coisas funcionam. Há sempre um início e depois vamos trabalhando a coisa até achar que está como queremos, e fica.

MIP: Quais as vossas influências musicais?
ODB: Temos todos gostos um bocado diversos, desde o jazz até ao metal. Mas achamos que a nossa música enquanto banda enquadra-se mais com algum roque éne role como os Velvet Underground e o Lou Reed, os Yo La Tengo, os Pixies e os Ramones. Tem muito que ver com o que o Martinho ouve, já que é ele que compõe as canções.

MIP: Qual o momento mais marcante, que como banda, até ao momento viveram?
ODB: Os concertos são sempre os momentos mais marcantes. Nunca demos muitos concertos, devido ao facto do Martinho estar fora ou de estarmos relativamente ocupados. Por isso, sempre que tocamos, acabamos por investir muito nisso e as coisas costumam correr bastante bem e ficamos com vontade de fazer mais. Talvez o do Musicbox tenha sido mais especial, porque trabalhámos aquelas canções durante quase meio-ano e apetecia mesmo pô-las cá para fora.

MIP: Qual o tema que sugerem, para quem não vos conhece, começar a ouvir-vos?
ODB: Cada membro tem uma resposta diferente, mas se calhar aquele que costuma funcionar como cartão de visita e que é o tema com que costumamos acabar os concertos é A Festa Vai Começar, do Livro de Postais. Panque-roque, humor político, siga para cima deles.

MIP: Quais os vossos objetivos e projetos para o futuro?
ODB: Estivemos a gravar neste Verão o nosso próximo longa-duração (e o primeiro com a banda completa). Vai-se chamar “As Regras do Jogo” e foi gravado e produzido pela grande dupla Filipe “da Graça” Fernandes e Luís “Cão da Morte” Gravito em Lisboa e Odivelas. Em princípio vai ser lançado ao mundo no início de 2013. Ainda faltam gravar algumas coisas, mas estamos bastante contentes e entusiasmados com o que vai sair.

MIP: Como definem atualmente a música em Portugal e abordagem que ela tem por parte das rádios?
ODB: Achamos que algumas rádios têm tido um trabalho exemplar na divulgação da música portuguesa. Falamos da Antena 3, da Radar, das rádios universitárias como a RUC e a RUMN e das novas como a Vodafone e a SWTMN. Em termos de criação (não de apoio) é um óptimo tempo para as bandas portuguesas, com muita coisa a ser feita em quase todo o país. O problema está mais na distribuição de discos e na organização de concertos.

Oiça O Deserto Branco aqui: odesertobranco.bandcamp.com

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