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Entrevista | peixe:avião “É um disco mais duro, cru e mais depurado que os anteriores (…) mas mais texturado e dinâmico”

Os bracarenses peixe:avião editaram recentemente o 3º álbum.


O novo álbum representa uma mudança de direção em relação aos registos anteriores da banda, tanto em termos de composição, como na sua sonoridade final. O seu carácter visceral e orgânico, manifestado pela sonoridade crua, pelo processo de composição conjunto na sala de ensaio e pela elevada parcimónia nos arranjos, levou a banda a baptizar o disco de peixe : avião, como que representando a banda no seu estado puro.


O Made in Portugal entrevistou a banda que nos falou um pouco mais do disco.

Made in Portugal: Após 3 anos sem gravar, apresentam-nos um novo disco, assumindo-o como um disco de mudança. Que diferenças podemos encontrar neste disco, em relação aos anteriores?
peixe:avião: Este disco apresenta várias mudanças não só musicais, mas também no modo como o material foi composto e gravado.
Ao contrário dos trabalhos anteriores, em que os temas eram compostos de forma muito cerebral e individualista pelos membros da banda e depois “assemblados” na sala de ensaio, este disco foi composto praticamente e exclusivamente pelos cinco em conjunto. Tornou-se por isso um disco muito mais direto e expressivo do que os passados, deliberadamente sem espaço para artifícios nem exageros de harmonias e melodias.
É um disco mais duro, cru e mais depurado que os anteriores. Mais minimalista nos recursos que usa e na construção das músicas que o compõem, mas mais texturado e dinâmico que os antecessores.

MIP: Houve alguma razão em particular para esta mudança ou consideram que é um processo natural, do desenvolvimento de uma banda?
peixe:avião: Suponho que seja o processo natural de desenvolvimento de uma banda querer renovar-se um pouco a cada trabalho. No nosso caso, pelo menos, essa vontade é evidente. Não queremos fazer dois discos iguais e procuramos formas de nos desafiarmos a cada trabalho.

MIP: Este é o álbum que melhor vos define?
peixe:avião: Cada disco vai representando de melhor forma o que a banda é nesse momento da sua carreira. Neste sentido este será, presentemente, o disco que melhor nos define. Mas acima de tudo, este é o disco em que o conceito de “banda”, enquanto grupo, está mais presente na nossa ainda curta existência.
Estas rupturas na forma independente – sem recurso a terceiros – e uníssona enquanto banda como trabalhámos e o som que resultou desse trabalho, culminaram num disco que não faria sentido ter outro nome que não o nosso.

MIP: Que outros projetos ou desejos têm para o futuro da banda?
peixe:avião: Neste momento a vontade é de mostrarmos o novo disco ao maior número de pessoas possível. Os concertos de apresentação já arrancaram e têm corrido muito bem.
Depois pararemos para pensar no que fazer a seguir. Já estamos a magicar coisas novas, mas essas ficam para depois dos concertos

MIP: Pensam em expandir-se além fronteiras?
peixe:avião: Não é uma prioridade para nós. Não sentimos que nos diferenciemos por aí além do que se faz lá fora, ao ponto de conseguirmos “furar o mercado”. Além do mais é um processo algo dispendioso, se o quisermos fazer bem e nós somos uma banda independente para o bem e para o mal! É claro que se surgir alguma oportunidade, agarramo-la, mas não é o nosso foco agora.

MIP: Em 2010 criaram a editora PAD, tendo começado por apoiar bandas nacionais. O que vos levou a criar a PAD? Sentem que as editoras que existem em Portugal são poucas e não dão o devido valor a géneros mais alternativos?
peixe:avião: Existem excelentes editoras independentes em Portugal. O que nos levou a criar a PAD não foi um descontentamento com as editorias independentes, nem com a falta de dedicação que as mesmas têm com as suas bandas. Tínhamos até vindo de uma experiência óptima com a Rastilho, com a qual editámos o “40.02” e posteriormente o vinil do “Madrugada”.
O que nos levou a criar a PAD foi, acima de tudo, um desejo de maior autonomia. Inicialmente foi criada apenas com o intuito de editar o “Madrugada” e eventualmente os registos seguintes da banda ou de projetos paralelos dos membros dos peixe : avião. A partir daí a coisa foi-se desenvolvendo até o que é hoje.

MIP: Como definem, atualmente, a música em Portugal?
peixe:avião: A música portuguesa está em grande forma. Há cada vez mais projetos a aparecer com um nível muito elevado de qualidade. Infelizmente a sustentabilidade da indústria musical não acompanha o seu desenvolvimento artístico. Hoje em dia quem faz música fa-la por paixão. E se isso, por um lado, traz uma espécie de sentimento de “guerrilha” e de DIY muito saudáveis para a criação, por outro lado, a falta de meios torna-se muitas vezes castradora para devida execução da obra. Isto é um problema cultural e educacional. A música não se paga a ela própria porque a generalidade do público (e parte da indústria) o permitem.

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