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Entrevista | Trêsporcento



Os Trêsporcento são um grupo lisboeta de indie rock formado em 2006 num velho prédio, onde a banda fez os primeiros ensaios. A vontade de produzir originais surgiu naturalmente assim como as primeiras atuações ao vivo.

  Em 2009 surgiu o primeiro EP homónimo e dois anos mais tarde o “Hora Extraordinária” o álbum de estreia gravado em Londres.

Os Trêsporcento são: Tiago Esteves (Voz, guitarra), Lourenço Cordeiro (Guitarra), Salvador Carvalho (Baixo), Pedro Pedro (Bateria).









Made In Portugal- Começaram por se juntar apenas pelo prazer de tocar. Quando é que perceberam que queriam realmente formar uma banda e produzir originais?


L- Percebemos que queríamos fazer originais quando percebemos que queríamos ser uma banda. Isso foi interessante: nunca nos passou pela cabeça ser uma banda de covers, e quando começámos a escrever originais percebemos que eles começavam a revelar uma identidade própria.

S- Foi um processo natural: começámos por nos juntar apenas para tocar uns com os outros e naturalmente começámos pelos covers. Nestes ensaios iam-se esboçando os primeiros acordes e a juntar as primeiras letras originais. A partir de um certo momento já só tocávamos músicas nossas, e de uma bateria improvisada tivemos de passar para uma coisa mais séria. A partir desse momento éramos uma banda.

MIP- Como surgiu a oportunidade de gravarem um álbum em Londres? Como descrevem essa experiência?


L- Eu estava em Londres de férias e cruzei-me com o Diego Salema Reis, que, na altura, estudava produção de áudio lá. Falámos de Trêsporcento e eu contei-lhe que estávamos com vontade de gravar um álbum. Uma coisa levou à outra e ficámos a saber que ele tinha disponibilidade para nos gravar lá e assim foi. Mais do que ter gravado em Londres, até porque foi uma gravação muito atribulada, esse foi um momento decisivo para aquilo que somos hoje porque foi aí que começámos a trabalhar com o Diego, que nos tem produzido desde então.

T- A experiência foi importante acima de tudo pelo ambiente em que foram feitas as gravações, com o espírito de aprendizagem e partilha que só se sente numa escola. Convivemos com muitos músicos e estudantes de produção e aprendemos  algumas coisas com eles.

MIP- Dessa viagem surgiu o álbum “Hora Extraordinária”. Ao contrário do nome trêsporcento – que viram por acaso numa publicidade a um banco –  o título deste trabalho já comporta algum significado. Podem explicar como chegaram a este nome?

L- Se calhar é um pouco abusivo dizer que o título do álbum comporta algum significado. A verdade é que é muito difícil para nós atribuir nomes a uma coisa que é o produto de uma evolução muito orgânica, sem um conceito ou ideia presente a priori. «Hora Extraordinária» acabou por vingar sobre as outras ideias, só isso. Remete para o facto de ter sido um álbum escrito e gravado à margem daquilo que são as nossas vidas profissionais e de isso ter exigido um esforço muito grande da nossa parte (e das nossas famílias).

MIP- Numa entrevista referiram que as vossas influências concentram-se muito no ano 2000 em diante. Podem dar exemplos?


L-Todos nós temos influências diferentes, mas encontrámos terreno comum na música que nasceu depois de 2001, quando saiu o Is This It dos Strokes que, de certa maneira, agitou muito as águas. Essa década, de 2000 a 2010, deu origem a alguns dos melhores álbuns da música independente, como o Funeral, o Boxer, o Silent Alarm, ou os homónimos de estreia dos Franz Ferdinand e Vampire Weekend. O In Rainbows, por exemplo, é uma chapada na cara de quem achava que a música para guitarras estava morta. Não está, não está.

T- Há álbuns que nós ouvimos intensivamente e que não têm directamente a ver com o nosso som, como o Based on a True Story, dos Fat Freddys Drop, ou os dois álbuns do Whitest Boy Alive. Lembro-me de andarmos fascinados com os silêncios dos Fat Freddys Drop e de ambicionarmos um dia conseguir fazer alguma coisa parecida.

MIP- Brevemente vão lançar o single Veludo. O que nos podem contar mais acerca do futuro dos Trêsporcento?

S- O futuro passará sempre por continuar a fazer a nossa música, ao nosso estilo, para a podermos partilhar com o público em geral. Não temos tido grandes pressões a nível criativo, fazemos a música que gostamos, sem imposições comerciais e queremos que assim continue. Claro que a vontade de crescer é grande mas vamos continuar a apostar na nossa forma de sentir e fazer música.

L- O single é o tema de avanço do próximo álbum, que será editado muito em breve. E mais não podemos dizer.



MIP- Qual a vossa opinião acerca das declarações recentes de Vitorino sobre os artistas portugueses que cantam em inglês?


T- É escolha de cada banda a língua com que se decidem expressar. Para nós foi natural cantar em português mas não achamos que deva ser assim para todos. Por exemplo: ainda bem que José González não canta em sueco.

L- Convém lembrar que o Vitorino disse que quando os artistas portugueses cantam em inglês ficam «ridículos». Este tipo de generalizações é geralmente desmentido pelas excepções, que são tantas que não faz sentido falar em «excepção». Mais do que o idioma, o que interessa é a qualidade.

P– O Vitorino não cantou em o “All together now?” numa campanha de Telemóveis?

MIP- Como definem atualmente a música em Portugal?


T- Sabendo como é limitado o mercado é de louvar o nível e a dedicação à sua música dos músicos portugueses. Temos uma grande variedade de projectos interessantes, originais e muito bem executados.


L- Melhor do que já foi. Eu oiço muito mais música feita em Portugal do que alguma vez fiz na vida. Este não é certamente um sector em crise.

P- Provavelmente o maior boom de bandas a chegar às rádios nos últimos anos. A diversidade dos géneros que se tocam também é considerável. A música portugesa está com força.

Acompanhe a banda em: 
http://www.tresporcento.com/p/home.html

http://www.facebook.com/Tresporcento/

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