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José da Câmara | Fadista regressa com «Até Sempre Sr. Fado»

Quatro anos depois de «Câmara: Um Nome, Três Gerações» – ao lado do pai Vicente da Câmara, do irmão Manuel da Câmara e da sobrinha Teresa Câmara – e de «Emoções – José da Câmara canta Roberto Carlos», o fadista José da Câmara regressa aos álbuns a solo e com reportório próprio com «Até Sempre Sr. Fado». Declaração de amor absoluto aos fados tradicionais – do Fado Menor ao Fado Jaime, de Jaime Santos, passando pelo Fado dos Sonhos, de Frederico de Brito ou o Fado Isabel, de José Fontes Rocha –, «Até Sempre Sr. Fado» mostra estes clássicos vestidos com novas palavras de poetas contemporâneos como Daniel Gouveia, Mário Rainho, Norberto Barroca, José Luís Gordo, Ana Vidal, Mário Estorninho, Rui Rocha e Amadeu Dinis da Fonseca, para além do próprio José da Câmara.

Gravado no ambiente mágico – e onde ainda reverberam nas paredes as vozes de grandes fadistas que lá cantaram como Amália Rodrigues ou Alfredo Marceneiro – do Palácio de Pintéus, propriedade de João Ferreira-Rosa, «Até Sempre Sr. Fado», mostra-nos o Fado tal como ele devia ser sempre: verdadeiro, rude, por vezes imperfeito mas sempre apaixonado. Com todos os temas gravados ao primeiro take, como se de uma gravação ao vivo se tratasse, e sem efeitos ou truques de estúdio, «Até Sempre Sr. Fado» tira o seu nome da última frase do tema «A Zanga do Fado», um dueto com João Ferreira-Rosa em que José da Câmara homenageia (numa letra e música originais de Daniel Gouveia) fadistas como Hermínia Silva, Berta Cardoso, Alfredo dos Santos (Correeiro), Maria Teresa de Noronha, Ercília Costa, Lucília do Carmo, Alfredo Marceneiro e, por arrasto, João Ferreira-Rosa (a conferir no teledisco do tema).

Mas se «A Zanga do Fado» poderia ser o single mais óbvio de apresentação de «Até Sempre, Sr. Fado», a escolha recaiu no entanto em «Salada de Portugal», um tema com música e letra de José da Câmara que olha para Portugal, nestes dias em que tanto se fala de crise, de uma forma positiva, em que se vira o foco para algumas das coisas que o nosso país tem de melhor: o seu povo, as suas paisagens, a sua gastronomia, o seu vinho. Tema alegre, de refrão fácil e orelhudo, inspirado pelos fados-canção de Rodrigo ou Carlos do Carmo, «Salada de Portugal» é já um dos temas preferidos dos admiradores de José da Câmara nos seus espectáculos.

Outros destaques do álbum (num álbum em que é de todo injusto destacar apenas alguns temas) são a «Marcha do Porto», com letra de Norberto Barroca e música de Nuno Nazareth Fernandes — uma ode à cidade que nos deu fadistas como Beatriz da Conceição ou Maria da Fé e guitarristas como o já referido Fontes Rocha e em que se ama o Fado tanto quanto em Lisboa –, o «Pai Nosso Fadista», com letra de Daniel Gouveia para a música de um dos «fados fundadores de todo o Fado», o Menor – em que José da Câmara canta com a alma que o Menor requer mas com a contenção de uma oração –, «Relembrar», em que o poeta Amadeu Dinis da Fonseca glosa as letras e readapta alguns fados clássicos ou «Queres Namorar», com letra e música de José da Câmara e Daniel Gouveia, em que subtilmente se faz mais uma homenagem, desta vez através de uma citação da «Moda das Tranças Pretas», cuja letra foi escrita pelo pai de José da Câmara, Vicente da Câmara.

Gravado por José da Câmara e pelos excelentes músicos que o costumam acompanhar – Luís Petisca na guitarra portuguesa, Armando Figueiredo na viola e Filipe Vaz da Silva na viola-baixo – no Palácio de Pintéus, Loures, em Abril e Maio de 2014, «Até Sempre Sr. Fado» tem agora edição através da Companhia Nacional de Música.

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