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Videoclip | “Casa Para Pássaros” de Pernas de Alicate

Pernas de Alicate é a dupla Carlos BB e Sara Feio. Criam, individualmente, música e imagem e, conjuntamente, um universo que tem tanto de estranho como de fascinante, traduzido em obras únicas e tão a/dos dois.

“Casa Para Pássaros” é um tema em work in progress, do qual temos a primeira metade, os Pássaros. Como é apanágio de Pernas de Alicate, Carlos BB, a cargo da produção musical, dá o mote na bateria. A ele juntam-se Ana Miró (Sequin), Cláudia Guerreiro (Linda Martini), Miguel da Bernarda (BWO), Gil Amado (We Trust e Long Way To Alaska), Shela (Riding Pânico) e o colectivo Solid Movement. O resultado não podia ser mais entusiasmante.

A cadência de Pássaros leva-nos por um caminho hipnótico que se vai tornando cada vez  mais preenchido. O ritmo acelera para desacelerar e desacelera para acelerar. Há um conjunto de vozes que o complementa e que ecoa nos nossos ouvidos de forma inebriante, como se de um chamamento se tratasse. A parte musical de Pássaros puxa-nos para dentro de si mesma e faz-nos acompanhar o seu voo pelo desconhecido. Mas isto, uma vez mais, é só uma parte do que Pássaros é realmente. A parte visual é a outra metade.

O vídeo realizado por Sara Feio conta com a participação das actrizes Inês de Sá Frias, Nádia Santos e da modelo Isa Pólvora. O trabalho coreográfico desenvolvido por Raquel Claudino faz-nos seguir, com precisão, cada um dos movimentos que dão vida ao tema. As expressões faciais são fortes e penetrantes, como se nos quisessem obrigar a ler uma a uma as emoções que transparecem. Em contraponto, há um balanço suave e repetitivo das linhas de movimento dos corpos que cravam e complementam a sensação de hipnose.
As cores quentes, as sobreposições, os efeitos de duplicação e espelho das imagens, agudizam a sensação de entorpecimento e  conferem ao tema uma aura em que luxúria e misticismo comungam.

Há uma “história” para ser contada mas há também a vontade de esconder qualquer coisa. Em cada movimento, uma parte do corpo intersecta outra e, ainda que nada seja claro, ou possa ser visto à luz do dia sem qualquer tipo de obstáculo, percebemos que a necessidade de ocultação da identidade está presente.

Pássaros faz-nos divagar pelo intrincado universo das relações e pela complexa perversidade humana, cujos pressupostos tão superficiais como ilusórios existem apenas, para se alcançar determinado fim. Como na alegoria do Corvo e da Raposa, que conceptualmente e imageticamente percepcionamos neste tema.

E como quase tudo em Pernas de Alicate parece existir às metades, aguardemos a saída de Casa, onde outros artistas do campo da fotografia e da ilustração se juntarão a BB e Sara para que Casa de Pássaros se nos apresente em toda a sua sumptuosidade.

Texto: Ágata Alencoão


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