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“Metade-Metade” é o novo álbum de Aldina Duarte

“Metade-Metade” é o novo trabalho discográfico de Aldina Duarte, escrito por Capicua, e que será apresentado ao vivo, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 17 de abril.

Sobre este novo álbum da fadista Aldina Duarte, Kalaf Epalanga escreveu:

«O que é ser fadista? No caroço desta “Metade-Metade”, assim como nas ruas labirínticas de Lisboa, onde o toque melancólico da guitarra portuguesa se entrelaça com as almas daqueles que as vagueiam, a resposta, tal como uma sombra, escapa à definição. Mas, se nos deixarmos envolver por ela, na voz de Aldina Duarte, uma fadista de profundidade incomparável, encontramos um sussurro de compreensão.

“Metade-Metade” é um testemunho do poder transformador da arte e do entrelaçar de almas na busca pela verdade do poema que nunca é absoluto; quando é bom, abre mais janelas do que fecha. A história deste álbum é feita de aprendizados, da poeta Capicua, que descobre novos sentidos para quintilhas, sextilhas, alexandrinos, versículos e da fadista que lhes empresta a voz – Aldina, a guardiã do templo.

Reconhecemos, que Capicua, a rapper, sempre foi uma contadora de histórias da mais fina estirpe, isso já sabíamos. Aqui, nesta “Metade-Metade”, ela se revela uma poeta cuja proeza narrativa infunde nova vida/palavras nesta tradição secular, e só o fado, e só Aldina, poderiam tornar cantáveis palavras como “Araucária”, “Adraga” e “Lajes Oblíquas”. A essência da arte de Aldina Duarte nesta “Metade-Metade” reside na fluência sem esforço da poesia e melodia, onde cada palavra e nota são meticulosamente elaboradas para evocar o ethos assombroso do fado. A sua voz, uma rara mistura de inteligência e emoção, serve como meio através do qual as histórias da vida, com todos os seus desafios e tribulações, são transmitidas. Os arranjos instrumentais do disco, embora subtis, são igualmente impactantes, acentuam a paisagem emocional de cada verso e nos guiam através das narrativas tecidas pela finesse poética de Capicua.

Através desta “Metade-Metade”, Aldina Duarte não apenas reafirma o seu lugar no panteão das grandes fadistas, mas também nos convida a testemunhar o renascimento do fado através da lente da poesia contemporânea, urgente e necessária, que não deixa de colocar em primeiro plano feminismo, ecologia, equidade, democracia e o espírito de Abril. Aqui, no delicado equilíbrio entre o velho e o novo, encontramos a essência do que é ser uma fadista. E isso não são palavras minhas; já foi reconhecido em Aldina, por isso repito, pois lhe admiramos a coragem de acreditar na poesia e o poder de fazer os outros acreditarem consigo».

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