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Reportagem | Carminho: A Arte de saber (en)cantar
A estreia de “Canto”, o terceiro disco de Carminho, não podia ter sido melhor. Às 21 horas de 23 de Outubro o Centro Cultural de Belém estava cheio, sendo que entre o público encontravam-se outros fadistas e alguns artistas internacionais, provando assim, que a música ultrapassa quaisquer fronteiras.

Acompanhada por Marino de Freitas no baixo, Diogo Clemente na viola, Ruben Alves nos teclados e acordeão, André Silva na percussão e Luís Guerreiro na guitarra portuguesa, Carminho entra em cena com “A Ponte”, um fado do novo disco que mereceu vários aplausos, seguido de “Saia Rodada”, canção muito animada e que fez o público vibrar. “Nem imaginam a alegria que é estar aqui uma vez mais.”, diz a fadista, revelando a emoção que é para ela apresentar um disco numa sala tão importante como o CCB.
Falando um pouco mais do seu trabalho mais recente, com influências de outros tipos de música portuguesa e inclusivamente parcerias com artistas brasileiros, Carminho afirma que apesar dessas pequenas variações, a sua essência é o fado, estilo que a levou ao mundo. “O fado não me prende, o fado liberta-me.”. E ainda bem que assim é. Ainda que vejamos uma imagem mais leve da artista, que se pode notar até pelo jogo de luzes do palco, não há dúvidas: Carminho É do fado.

Prossegue com temas do disco anterior, “Alma”, e volta a apresentar novos temas de “Canto”, como a bonita “Chuva no Mar”, parceria com Marisa Monte. De seguida, canta “Andorinha”, um fado composto por si, e avança para temas de Pedro Homem de Mello (“Janelas Enfeitadas”) e Caetano Veloso (“O Sol, Eu e Tu”).

Entre os fados, Carminho vai apresentando as histórias das canções, e é assim que ficamos a saber que “Disse-te Adeus” (numa interpretação magistral) é o seu fado preferido e que conhecemos a história de Maria José, a corcunda apaixonada por alguém que não sabe que ela existe. Mas, diz Carminho, “um amor que só dá não é inútil. Um amor que só dá alimenta-se a si próprio.”. E prossegue com “Bom Dia, Amor”.

O concerto vai-se aproximando do final, mas Carminho agarra cada fado como se fosse o primeiro, tal como ela diz. Destacam-se a brilhante “Ventura”, de Miguel Araújo com arranjo de Jacques Morelenbaum e participação de Edu Miranda, e “A Canção”, de Martim Vicente, um compositor “muito novo e muito talentoso”.
No encore, “Escrevi Teu Nome no Vento” e “Saia Rodada” fazem as delícias do público.

Fadista de talento, Carminho prova com “Canto” a solidez do seu trabalho. E tem muito mesmo para cantar. Que a carreira seja longa e com todo o sucesso que merece.

Texto: Adriana Dias

 

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