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Reportagem | David Fonseca leva Seasons ao Coliseu de Lisboa
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Com o pretexto de apresentar ao vivo o projecto Seasons, que o levou a gravar dois discos: Rising (Primaveril) e Falling (Inverneiro) ao longo do ano de 2012, David Fonseca visitou o Coliseu de Lisboa na noite de 2 de Março de 2013.

A sala esgotada viu o músico de Leiria subir ao palco ao som de “Under the Willow” e “Armageddon”, que conseguiram aquecer o ambiente, mas foi com “Our Hearts will Beat as One” que as vozes do público se fizeram ouvir e definitivamente músicos e audiência embarcaram numa viagem pelo imaginário do jovem cantautor.
Quer através de êxitos de uma carreira a solo, que já conta com 10 anos, como “Kiss me, Oh Kiss me” e “Someone that cannot Love”, ou em temas menos conhecidos como “It means I love you” e “Silent Void”, é criado um universo de luz e som muito próprio, em que o movimento e as próprias sombras desempenham um papel importante num mundo fantástico quer em temas ritmados como “The Beating of the Drums” ou em temas mais baladeiros como “All that I Wanted”. Todos eles têm uma coerência que quer quem acompanha de perto a carreira do artista, ou aqueles que apenas o conhecem pelos singles que se fazem ouvir nas rádios, reconhecem e apreciam.

Depois de David já ter começado a interagir com o público através dos seus sarcasmos inteligentes, todos os músicos reuniram-se à frente do palco e as luzes desceram sobre eles para criar uma atmosfera mais intimista. Com este cenário, apresentou em palco Luísa Sobral com quem, primeiro virtualmente e depois presencialmente, entoou os temas “It shall Pass” da sua carreira a solo e “Not there yet” da artista convidada, num momento de grande cumplicidade em que se notou claramente o respeito, humildade e admiração mútua que ambos os artistas nutrem um pelo outro. Num ambiente de ensaio, como David lhe chamou, seguiu-se uma versão acústica de “We are Young”, cover dos Fun, e “What Life is For”.
De regresso ao palco principal, seguiu-se a sequência de temas que viria a fechar o alinhamento principal: “This ragging light, Superstars”, “Stop for a minute”, “I would have gone” e “Heroes” de David Bowie.  Sempre em crescendo no ritmo e com uma produção de luzes de fazer inveja a qualquer artista de renome internacional, David Fonseca saiu pela primeira vez do palco, descendo uma cortina à frente deste, com o público ao rubro a pedir mais através de cânticos sem fim.

David surge então de túnica branca, com a qual ele afirma costumar dormir, dialogando ao som dos teclados sobre uma misteriosa pessoa, supostamente presente na sala, que lhe faz chamadas de madrugada. Entre sons estranhos e uma versão improvisada de “I just called to say I love you” de Stevie Wonder, David parte para uma versão pesada de “Hurt” de Johnny Cash, durante a qual o pano sobe e a banda se junta para um final em apoteose.

Seguiram-se “At your Door” e “It feels like Something”, mas foi com Lithium dos Nirvana, música mais votada no facebook entre os clássicos de adolescência do artista, que a energia atingiu um nível superior. David Fonseca inclusivamente vestiu uma camisola de flanela para encarnar Kurt Cobain, a quem dedicou o que se revelou como um dos momentos altos do concerto. Com o público ao rubro, surge o aguardado “The 80s”, tema que não deixa ninguém indiferente e é entoado a plenos pulmões por todos os que se deslocaram ao recinto. Foi com este ambiente de festa, em que nem os confettis faltaram, que a banda mais uma vez se despediu.

No entanto a espera não haveria de ser longa e mais uma vez foi David sozinho, desta vez com a sua guitarra acústica, a surgir para responder a um “Amo-Te” vindo do público com um “Também te amo… mas não nos conhecemos assim tão bem”, antes de começar “You know Who I Am”, ecoado por todos os presentes e com um final em grande, já com toda a banda a preencher este sucesso com toda a pompa e circunstância. É de facto incrível como no mesmo tema David Fonseca consegue passar do intimismo de uma balada entoada apenas com voz e guitarra acústica a uma grande produção, conseguindo em ambos os contextos transmitir a emoção das palavras que canta sobre as notas e acordes que lhes dão cor e sentimento.
“What life is for” é o hino de estádio que faz finalmente David Fonseca se livrar da guitarra e assumir a pose de estrela de Rock que é hoje indubitavelmente em Portugal. O tema musculado serve na perfeição para a apresentação dos músicos e o ambiente de festa faz todos os presentes deixarem o recinto com um sorriso de orelha a orelha.

Entre temas novos, sucessos radiofónicos e covers que nos remetem para as suas influências, o imaginário que David Fonseca cria não se limita ao universo dos sons. As luzes e o movimento criam uma realidade de emoções que se materializam desde a mais singela balada à mais ritmada malha Rock FM. No fim, a última frase entoada pelo artista: “I can’t help falling in love with you”, que nos remete para o clássico de Elvis Presley, é possivelmente o melhor resumo para o que se passou no Coliseu nessa noite de início de Março de 2013 em Lisboa, onde David Fonseca e o seu público viveram uma bonita história de amor com direito a final feliz.

Texto e Fotos: Pedro Pico
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