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Reportagem | Noiserv – Pelo mundo imaginário das canções

Na passada noite de sábado, o auditório Padre Carlos Alberto Guimarães em Lisboa recebeu David Santos e o seu projeto Noiserv, para o lançamento do disco de vinil do álbum “Almost Visible Orchestra”, editado em 2013.

Com uma tela branca como pano de fundo, encontra-se no centro do palco o banco para o artista, que sobressai ao estar rodeado pela panóplia de instrumentos musicais, “arsenal” característico deste projeto.
O artista entra em palco, acompanhado pela talentosa ilustradora (e prima) Diana Mascarenhas, que toma o seu lugar no palco para digitalmente desenhar o mundo imaginário das canções de Noiserv, ilustrações projetadas em direto na tela.

O primeiro tema interpretado é “Mr. Carousel”, que materializa David como o músico dos mil ofícios. Os instrumentais somam-se, tendencialmente manipulados em múltiplas camadas e construídos através de loops, conferindo ao tema um toque original e diversificado. Da guitarra ao xilofone, passando pelos teclados
convencional e “human voice” e pelo inesperado megafone esporádico, as sonoridades fundem-se numa concordância melódica e sem par.
Segue-se o primeiro single do álbum, “This is maybe the place where trains are going to sleep at night” (“É a música com o vídeo em que eu apareço a fazer um monte de coisas”, diz David em jeito simpático) e “Bullets on Parade” (cuja sonoridade do xilofone remete para o imaginário de uma infância de outrora).
É a vez de se ouvir “Today is the same as yesterday, but yesterday is not today”, que personifica a convicção de David de que “A nossa vida não muda pelos grandes acontecimentos, mas pelos pequenos momentos do dia-a-dia”, seguido pelo ritmo cavalgante fundido com o som eletrónico de “The Sad Story of a Little Town”. As canções vão ganhando vida em background, pelas linhas e formas que vão sendo pintadas por Diana no fundo branco, e que se tornam mais nítidas a cada acorde, a cada palavra solfejada.
Tempo para narrar brevemente a história do maratonista Francisco Lázaro antes do tema “It’s easy to be a marathoner even if you are a carpenter”, que na sua eletrónica frenética serve de mote para incitar à luta pelos sonhos por alcançar. Desta vez em português, a canção “Palco Tempo” (banda sonora do filme “José e Pilar”) ecoa pela sala, seguida pelo segundo single do mais recente álbum “I was trying to sleep when everyone woke up”.
Com “Don’t say hi if you don’t have time for a nice goodbye” encerra-se a ilustração, agora com a palavra Noiserv traçada por cima, em jeito de despedida. Mas não a derradeira, pois faltava ainda o encore de sempre, que traz o músico de volta ao palco, já sozinho, para os agradecimentos finais e um último tema, “Bon tempi”.

E quando o fim parecia já certo, David regressa para a final e ainda mais curta estadia em palco, deliciando nos com sua voz aguda e melodiosa a entoar a música de 30 segundos que compôs para “os que dizem que só faço músicas tristes”.
Num ambiente acolhedor e terno, a noite foi de sons que remetem para um universo de possibilidades, com misturas de sons e cor, de abstrato e imaginativo, que afirmou uma vez mais o talento e unicidade de David Santos como músico e compositor.

Texto: Catarina Albino
Fotos: Catarina Dias

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