Os Dead Combo já habituaram quem os ouve a surpresas. Com uma sonoridade mais acústica, mas sem nunca perder o espírito que os caracteriza, Pedro Gonçalves e Tó Trips, acompanhados pelo trio Cordas da Má Fama, agarraram o CCB desde o primeiro minuto.

Com o palco transformado num bar, onde várias pessoas estão sentadas em mesas dispostas em redor dos músicos, a dupla consegue criar um ambiente intimista como não é habitual.

Começam a solo com “Esse Olhar Que Era Só Teu”, um tema que é uma verdadeira banda sonora de Lisboa, e cativam um CCB quase cheio, que responde com fortes aplausos a esse quase fado. Seguem-se, entre outros, “Waits” e “Rodada”, em que as Cordas da Má Fama entram em acção pela primeira vez. A junção do trio de Denis Stetsenko (violino), Bruno Silva (viola de arco) e Carlos Tony Gomes (violoncelo) confere uma carga dramática maior ao já cinematográfico universo dos Dead Combo, como se nota no fabuloso “Putos a Roubar Maçãs” e em “Zoe Llorando”.

Antes de tocar “Povo Que Cais Descalço”, Pedro Gonçalves toma a palavra e consegue forte apoio do público ao criticar brilhantemente “os vários governos que deram cabo disto tudo e que nos puseram a todos assim… a cair descalços”. De seguida, são as Cordas da Má Fama que ganham protagonismo, tocando a solo dois temas. É com “Cuba 1970” que os Dead Combo se voltam a juntar ao trio e há um desafio constante entre os músicos. “Andamos numa picardia já há uns tempos: eles acham que nós não tocamos nada de especial e nós achamos que eles não tocam nada de especial”, diz Pedro Gonçalves, provocando risos entre os espectadores. Pouco depois o concerto termina, mas os músicos voltam ao palco para o encore com uma música inédita, “Fado a Pilhas”, seguida de “Hawai em Chelas” e terminando com a explosiva “Lisboa Mulata”. Quem não foi não sabe o que perdeu!

Texto: Adriana Dias
Fotos: Márcia Filipa Moura (facebook.com/marciafilipamourafotografia)