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Tributo a José Mário Branco em concerto solidário no Casino Estoril

Em 2019, as notícias relativas ao falecimento de José Mário Branco chocaram a comunidade de músicos portuguesa. Tido como um dos mais influentes criadores de música do século XX em Portugal, José Mário Branco destacou-se pelo seu trabalho como compositor, produtor e artista desde o final dos anos 60. Juntamente com outros músicos da Geração de ’70 em Portugal, como José Afonso ou Fausto, José Mário Branco explorou temas políticos sensíveis nas suas composições e destacou-se como um dos mais vocais opositores dos ideais do Estado Novo.
No dia 26 de Fevereiro o Casino Estoril acolhe um concerto de tributo ao lendário música português. O concerto incluirá uma vertente solidária, já que parte das receitas serão oferecidas à organização humanitária da Refood Cascais. O espectáculo vai acontecer às 21h30 no Salão Preto e Prata e os bilhetes custam entre €15 e €20. O tributo será realizado em parceria com a TVI e contará com os mestres de cerimónias Ana Sofia Cardoso e José Carlos Araújo, ambos jornalistas do canal de televisão português.
Vários músicos de renome do panorama musical nacional estarão envolvidos no tributo a José Mário Branco, incluindo Kátia Guerreiro, Mafalda Arnauth e Olavo Bilac. Os músicos André Ramos, Carlos Lopes, Ciro Bertini, Edu Miranda, Luís Roquette, Nuno Oliveira, Paulo Loureiro e Pedro de Castro estarão encarregues dos arranjos instrumentais. Se está cansado de passar horas no sofá a jogar no casino Portugal de 888, que tal tentar a sua sorte no Casino Estoril ao som das mais belas canções de José Mário Branco?

Uma figura máxima da música portuguesa no século XX

José Mário Branco nasceu no Porto em 1942 e completou o curso de História na Universidade de Coimbra. Durante a sua juventude, aderiu à causa política do PCP (Partido Comunista Português) e acabou por ser forçado a procurar exílio no estrangeiro de modo a escapar às consecutivas perseguições da PIDE, a polícia política de Salazar. Em 1963, José Mário Branco chegou à França, onde começou por desenvolver de um modo mais sério as suas composições musicais. Foi lá que acabou por trabalhar em dois dos mais célebres discos da história da música portuguesa. Participou do icónico “Cantigas do Maio”, em que assumiu o papel de produtor de José Afonso; este disco, que inclui clássicos como “Grândola Vila Morena” ou “Milho Verde”, é considerado uma das mais importantes obras musicais em língua portuguesa de sempre. Pouco tempo depois, assinou em nome próprio “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades”, lançado em 1971 e inspirado por temas comuns do folclore português e pela poesia de poetas como Luís de Camões.
O ano de 1974 marcou o regresso do compositor e produtor a Portugal, tornado possível graças à Revolução do 25 de Abril. De volta a Portugal, José Mário Branco fundou o “Grupo de Acção Cultural”, com que gravou dois álbuns de originais. Ao longo da década de 70 continuou a construir uma discografia invejável, sempre inspirada pela música tradicional portuguesa; durante este período colaborou com artistas como Janita Salomé, Fausto, Sérgio Godinho ou José Afonso. Conhecido pela sua personalidade recta e por divulgar as suas opiniões de forma franca e sem freios, José Mário Branco viria a assinar aquela que é a sua obra mais conhecido na década de 80.
FMI é uma espécie de épico musical ao estilo de Álvaro de Campos em que um José Mário Branco inspirado se lança num monólogo de cerca de 20 minutos em que se focam diversos temas políticos do momento. O poema musical/improviso teatral foi motivado pelo fim do sonho de Abril e explora o falhanço político-económico das renovações colocadas em prática em Portugal a partir da Revolução de 1974. Curiosamente, José Mário Branco terá dado ordens para que FMI não fosse ouvido em qualquer rádio ou televisão. Mesmo assim, o épico destaca-se na discografia do compositor enquanto o seu trabalho mais visceral, e enquanto aquele que mais impressionou o público português.
Durante os seus últimos anos de vida, José Mário Branco continuou a editar e trabalhar em música. Lançou o excelente álbum “Resistir é Vencer” em 2004 e juntou-se a Sérgio Godinho e Fausto em 2009 para co-assinar o projecto “Três Cantos”. Faleceu no dia 19 de Novembro de 2019, vítima de um acidente vascular cerebral.

Homenagens sentidas

Desde que a notícia da morte de José Mário Branco se tornou pública, têm-se sucedido as homenagens vindas dos vários órgãos de comunicação e entidades musicais portuguesas. Para além de um disco de versões compilado e editado pela Valentim de Carvalho, o icónico compositor já foi homenageado em diversos concertos, alguns incluindo os seus próprios familiares. O tributo a José Mário Branco que terá lugar no Casino Estoril será mais uma oportunidade para lembrar e celebrar a obra do músico, que será para sempre recordado como um dos mais importantes e vitais criadores da história da música em Portugal.

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