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Reportagem | Capicua – Quando o Lux Frágil se encheu de força
O concerto tem lugar em Santa Apolónia, no Lux Frágil. Mas de frágil Capicua não tem nada. A rapper portuguesa lança mais um grito contra as injustiças da sociedade com o seu mais recente trabalho, “Medusa”, um álbum de remisturas dos temas de “Sereia Louca”, com duas canções inéditas (“Medusa” e “EgoTríptico”). E a cada passo que dá, a força de Capicua parece crescer mais.

Apesar de a maioria do público ser jovem, há gente de todas as idades no público do Lux, já impaciente devido à meia hora de atraso, mas que às primeiras palavras de Capicua se rende e fica preso aos tentáculos desta “medusa”. Acompanhada por M7, D-One, Virtus e Vítor (este último autor de belíssimas projecções que contam a história de cada tema), Capicua mistura temas de todos os álbuns da sua carreira. E começa com um belo e fortíssimo “Alfazema” a capella, um protesto contra o machismo. O público entusiasma-se e seguem-se outros temas como “Jugular” (um brilhante retrato da crise portuguesa) e “Sereia Louca”. Porém, um dos momentos mais altos chega com o tema “Medusa”, denúncia da violência machista. “Já basta!”, diz Capicua, “Chega de violência e de culpabilizar as vítimas!”. Hip hop feminino e feminista, mais uma forma de luta. Acompanhada por Valete, a rapper consegue um dos momentos mais emocionantes. Após “Casa no Campo”, Capicua convida a cantora Tamin para cantar “Soldadinho”. No final, “Maria Capaz” e “EgoTríptico” (em que M7 ainda se solta mais e mostra toda a energia que tem) sobem o ritmo do concerto, que termina com um festivo “Vayorken”, de alegria contagiante.

Capicua é a prova de que o hip hop não é apenas território de homens. É uma poetisa-soldado que luta por uma sociedade mais justa, e tem a pontaria cada vez mais afinada, disparando com versos cada vez mais potentes. “Façam barulho!”, disse várias vezes durante o concerto. Nós é que pedimos que Capicua continue “a fazer barulho”. Que nunca se cale a voz desta “sereia louca”.

Texto: Adriana Dias
Fotografias: Márcia Filipa Moura

 

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